quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Resumo

INTRODUÇÃO

A Economia é um campo de conhecimentos especializados cujo interesse é a análise e previsão das atividades sociais relacionadas à produção e distribuição de produtos e serviços. Um fator que exerce influência significativa nos estudos econômicos é a complexidade, isto é a interdependência entre os diferentes elementos que permeiam e estruturam a sociedade: concepções culturais e políticas das pessoas, a divisão social do trabalho, as ações governamentais, os mercados internacionais etc.

Neste trabalho serão apresentados os conceitos básicos de Economia que motivam as análises e estudos das ações empresariais relacionadas à análise de investimentos em uma economia de mercado. Mesmo não sendo de conformidade, como costumam acontecer em discussão de doutrinas econômicas, esses conceitos básicos se encontram estabelecidos no contexto teórico denominado síntese neoclássica, que combina os princípios da política macroeconômica Keynesiana com os princípios da teoria microeconômica Walrasiana.

Nesta parte introdutória será visto alguns pontos da Ciência Econômica:

  • Rentabilidade;
  • Rentabilidade da firma e a macroeconomia brasileira;
  • Mercado;
  • O que é demanda e como prevê-la;
  • Estruturas de mercado;
  • Produção e produtividade;
  • Como analisar os custos da firma? Como considerar produção e custos de forma conjunta;
  • A firma competitiva;
  • Pontos de equilíbrio da firma (contábil, econômico e financeiro);
  • Aplicação dos conceitos microeconômicos. Estabilidade de preços;
  • Índices econômicos.

1.1 MACROECONOMIA E RENTABILIDADE

Podemos entender a administração econômico-financeira de uma firma como uma espécie de Economia Aplicada, norteada por conceitos econômicos que se utiliza de práticas (sistemas e métodos) das Finanças.

A finalidade racional de uma empresa é o lucro. O lucro total L é dado pela diferença entre a receita R e os custos C. Obter R$ 15.000,00 de lucro é ter rentabilidade econômica? O que é e como calcular a rentabilidade econômica de uma empresa?

Uma forma da rentabilidade econômica é pelo cálculo da taxa de juros percentual (%/período) resultante da divisão do lucro por período - ou rendimento quando nos referimos a uma aplicação financeira -, pelo investimento inicial (capital inicial).

Para a firma, o lucro total pode ser calculado pela seguinte equação:

L = R-C

Equação 1.1 Cálculo do lucro tal de uma firma

Onde:

L = lucro

R = receita total

C = custo total

O cálculo do lucro total de uma empresa, que já é bastante complexo, pode não ser suficiente, pois ainda haverá o problema de como saber se o lucro é "bom", "justo", "máximo possível", "adequado" à nossa atividade. entra o conceito de rentabilidade. Como analisar a rentabilidade de uma firma? O cálculo de rentabilidade econômica de uma firma é denominado taxa de retorno (TR).

TR = L/I

Equação 1.2 Taxa de retorno (TR)

Onde:

TR = taxa de retorno (% por ano)

L = lucros no ano

I = investimento inicial

A maneira mais simples e imediata de analisa quão "razoável" é a taxa de retorno (TR) de uma empresa é compará-la com taxas de retorno que poderiam ser obtidas com aplicações alternativas, conhecidas como taxas que refletem o auto de oportunidade do capital (COC).

Atualmente a taxa básica de juros (taxa Selic) é anunciada pelo governo, com validade que pode variar de um ou mais meses, em uma reunião do chamado Comitê de Política Monetária (Copom), em abril de 2008 foi de 11,75% a.a. Essa taxa é dita taxa de juros nominal. Para se calcular a taxa de juros real é necessário subtrair uma expectativa de inflação.

A taxa real paga pelo Estado brasileiro pelos empréstimos governamentais atuais é calculada da seguinte forma:

(1 + tr) = (1 + tc)/(l + ti)

Equação 1.3 Cálculo da taxa básica de juros (real)

Onde:

tr = taxa básica de juros (real)

te = taxa Copom

ti = taxa de inflação (estimada)

Não só pessoas físicas buscam remunerar suas poupanças com a melhor taxa de retorno, mas também empresas em suas atividades operacionais, aplicações financeiras e investimentos produtivos.

1.1.1. A TEORIA ECONÔMICA NEOCLÁSSICA

Como toda a ciência social, a Economia, tem característica pluralista, e suas escolas de pensamento se utilizam principalmente de sua base política como forma de luta para seu reconhecimento, apesar de isto não significar ser disciplina puramente ideológica ou subjetiva, mas com ampla e frutífera utilização de modelos e de testes empíricos para se desenvolver.

Economia neoclássica é o conjunto das teorias explicativas sobre o funcionamento de uma economia de mercado. A doutrina neoclássica procura explicar da maneira mais eficiente possível como uma economia de mercado desempenha as funções alocativas.

O sistema de equilíbrio geral formalizado pelos fundadores dessa corrente de pensamento, conhecido também por fluxo circular da economia neoclássica, pode ser assim resumido:

"No longo prazo, uma economia onde todas as indústrias4 são perfeitamente competitivas encontra utilização plena e ótima para todos os recursos produtivos disponíveis. (...). Estas (indústrias) produzem de acordo com a escala de preferência (valores) manifestada pelos consumidores através do mercado. (...) Mercado é o lugar ou o contexto onde se encontram compradores e vendedores com a finalidade de estabelecer um preço comum, e uma quantidade de equilíbrio por unidade de tempo." (CORTES, 1978, apud CONTADOR et ai, 2001, p. 535)

Preços de mercado, quantidades de oferta e de demanda são questões a serem investigadas e fazem parte do interesse da Economia em sua função aplicada.

Um grande complicador, responsável pela dúvida sobre a objetividade da doutrina neoclássica esta na pergunta: o que é uma economia onde as indústrias ou firmas são competitivas?

A competitividade chama a atenção para a necessidade do entendimento das chamadas imperfeições dos mercados na economia, então se devem considerar as estruturas de mercado — monopólio, oligopólio e outras formas concorrenciais na análise da formação dos preços.

1.1.2. A TEORIA DA OFERTA E DA DEMANDA

Adam Smith é considerado o precursor da moderna teoria econômica, com a publicação do livro Uma Investigação sobre a Riqueza das Nações. Ele observou que havia pessoas que levavam produtos na feira para vender e outras que precisavam comprar, então o que fazia as pessoas demandarem produtos era a utilidade: roupa (aquecimento, estética etc.), transporte (locomoção).

A quantidade demandada de um produto, portanto, teria uma lógica multivariada e individual. Isto é, para uma família, a demanda de uma cesta de produtos seria determinada por vários fatores simultaneamente (preço, qualidade, gostos e renda). A teoria, de uma forma simplificada, considerou o preço como o principal fator que determina a demanda por um produto (uma função demanda univariada).

A forma gráfica tradicional de se representar essa teoria, pode ser vista nos três gráficos a seguir:

Primeiro, apresentaremos a função demanda [quantidade = função (preço)], conforme Gráfico 1.1.

Gráfico 1.1 Função demanda.

Fonte: Adaptado de Pindyck e Rubinfeld (2002).

Quando o preço de uma mercadoria cai, sua quantidade demandada aumenta. Em segundo lugar, apresentaremos a função oferta (quantidade = função [preço]):

Gráfico 1.2 Função oferta.

Fonte: Adaptado de Pindyck e Rubinfeld (2002).

A partir da compreensão das funções de demanda e oferta, surge a teoria do equilíbrio de mercado que é apresentada no Gráfico 1.3.

Gráfico 1.3 Oferta x demanda.

Fonte: Adaptado de Pindyck e Rubinfeld (2002)

Onde:

PI e P2 = preços do produto

Qd1 e Qd2 = quantidades demandadas do produto (aos preços PI e P2)

Qs1 e Qs2 = quantidades ofertadas do produto (aos preços Pie P2)

P* = preço de equilíbrio de mercado

Q* = quantidade de equilíbrio de mercado

D = demanda

O = oferta

O sistema entrará em equilíbrio somente no ponto em que a oferta for igual à demanda (P*, Q*). E um ponto virtual de equilíbrio. Essa é a doutrina da economia de mercado sob o ponto de vista da teoria neoclássica.

Observemos o tradicional fluxo circular da economia, mostrado através da Figura 1.1 e vejamos como seria a lógica de funcionamento do "mercado de fatores de produção".

Figura 1.1 Fluxo circular da economia.

Fonte: Samuelson (1985).

No caso das famílias, elas demandam produtos no mercado de produtos, e as firmas oferecem produtos no mercado de produtos. Onde a menor unidade de controle do orçamento é a família. A família não pode gastar mais do que ganha. A família pode comprar o que quiser sujeita à sua restrição orçamentária. Cada família tem uma função demanda (utilidade) própria, mas não pode gastar mais do que possui, salvo se tomar dinheiro emprestado para depois pagar juros (preferência temporal).

Já as firmas (empresas), por sua vez, são as menores unidades de produção. As famílias oferecem fatores de produção, pois são as detentoras do trabalho (operários e profissionais liberais), do capital (acionistas de empresas) ou da terra. As famílias oferecem e as firmas demandam fatores de produção. Portanto, as famílias e as firmas são entidades diferenciadas e independentes. Até juridicamente são agentes diferentes: trabalhadores e acionistas de empresas são "pessoas físicas", já as empresas são denominadas "pessoas jurídicas".

O mercado de fatores funciona da seguinte maneira: as firmas demandam trabalho; D é a função demanda de trabalho; e os trabalhadores oferecem trabalho; S é a função oferta de trabalho. Quanto maior o salário, mais gente se apresentará para trabalhar. Dessa maneira também haverá busca de um equilíbrio também no mercado de trabalho. Como pode ser visto no Gráfico 1.4 onde ilustra a questão.

Gráfico 1.4 Oferta x demanda modificada (D* > D**).

Fonte: Adaptado de Pindyck e Rubinfeld (2002).

Onde:

P1= preço do trabalho (salário) no equilíbrio 1

P2 = preço do trabalho (salário) no equilíbrio 2

Q1= quantidade demandada de trabalho (ao preço P1)

Q2 = quantidade demandada de trabalho (ao preço P2)

D1 = demanda de trabalho no equilíbrio 1

D2 = demanda de trabalho no equilíbrio 2

O = oferta de trabalho

Se houver uma diminuição da demanda de trabalho (D1 > D2), por algum motivo - por exemplo, a queda da renda nacional, haverá excesso de oferta de trabalho (Q1 - Q2) desemprego - somente se os trabalhadores não aceitarem uma redução do salário.

Observe-se que, ao se deslocar a demanda de D1 para D2, o novo ponto de equilíbrio de mercado implica uma diminuição do preço do trabalho (salário) (PI > P2). Não pode haver desemprego (Q1 - Q2) com tal lógica, salvo se os trabalhadores não aceitarem diminuição de salários. Este, de forma bem simplificada, era o raciocínio econômico até 1929, também conhecido por teoria microeconômica neoclássica (walrasiana).

1.1.3. A MACROECONOMIA KEYNESIANA

A partir de agora teremos o conceito de demanda, não mais sob o ponto de vista de uma mercadoria (produto homogêneo) em um mercado (setor ou indústria), como antes exposto, mas sob o ponto de vista da agregação de todos os produtos na economia — a demanda efetiva.

Após a crise de 1929, em que foram postos em cheque os principais postulados da teoria
econômica dita neoclássica, da auto-regulação da economia pelo mercado, foi formulado, simultaneamente por Keynes e Kalecki6 o princípio da demanda efetiva (Bacha, 1987)

Veio explicar por que existem momentos em que a capacidade produtiva (o em
prego de pessoas e de máquinas) é parcialmente utilizada, havendo possibilidade estrutural
de desemprego. O fato de existir capacidade ociosa (desemprego permanente, principalmente de pessoas) questiona a formulação neoclássica, que argumentava que a produção geraria uma demanda de igual valor e que o nível de atividade econômica teria sua única limitação nos recursos disponíveis

O princípio da demanda efetiva (PDE) atribui à demanda total a principal responsabilidade pela determinação do nível de atividade econômica e, em conseqüência, a demanda de trabalho (o emprego). Em outras palavras, o que determina a quantidade produzida total não é a capacidade produtiva total (quantidade de fatores de produção disponíveis), mas sim a demanda efetiva existente. A produção (usando toda a capacidade) só seria capaz de gerar uma renda equivalente se integralmente realizada. Portanto, é importante perceber que o PDE nos explica que na sociedade mercantil não se produz o que se poderia com os recursos disponíveis, mas para o nível de demanda efetiva existente.

"A demanda efetiva é simplesmente a renda agregada (ou produto) que os empresários esperam receber, incluídas as rendas que fazem passar às mãos dos outros fatores de produção, por meio do volume de emprego corrente que resolvem conceder." (Keynes, 1982: 59)

A demanda efetiva é determinada pelo processo de produção e distribuição de um país. A quantidade de mercadorias produzidas e realizadas no período t1 é igual à demanda efetiva no período t0. Assim, a produção é importante porque gera uma renda que representa um potencial de demanda efetiva para o próximo período, haja vista que essa renda (= poupança ex ante) nada mais é do que a renda já gasta.

1.1.4. Macroeconomia Brasileira - Inflação e Dívida

Em 1930 Com a revolução, o país deixou de ser somente agrário para investir na industrialização. Havendo necessidade de capitalizar investimentos que viabilizassem a transição, o governo tomou-se financiador e, em contrapartida, surgiram os déficits governamentais que foram agravados pela baixa produtividade e ineficiência na aplicação dos recursos. A inflação tornou-se crônica na economia brasileira a partir de 1950.

Em 1994, com a implantação do Plano Real e o reconhecimento de que as causas da inflação derivavam do desequilíbrio entre setor público e mecanismos de indexação, o processo inflacionário foi controlado.

O Brasil financiava seu déficit fiscal no passado recente. Primeiro pela inflação (emissão de moeda) e depois pelo aumento da dívida pública interna.

Podemos observar duas marcas históricas fundamentais:

  • março de 1990 — maior inflação mensal da história do Brasil
  • junho de 1994 — implantação do Plano Real.

Com o Plano Real e a estabilização da economia brasileira em termos de inflação, o Brasil saiu de uma dívida interna em torno de R$150 bilhões (1994) para um valor maior que R$1,1 trilhão em 2008. Afirmamos então que o Brasil trocou a inflação pela administração da dívida pública interna.

Firmas objetivam maximizar lucros de forma a obter o maior lucro possível, com um determinado empenho de capital. Como foi demonstrada, a rentabilidade mínima a ser comparada com o custo de oportunidade de capital pode ser a dada pela taxa básica de juros, que tem ligação direta com a economia nacional, pois faz parte de políticas governamentais de emprego e de controle da inflação.

1.2. ELEMENTOS DE MICROECONOMIA

A Microeconomia é parte da Teoria Econômica Neoclássica, na qual se consideram as ações individuais dos agentes econômicos (firmas e consumidores/famílias), e que está formalizada, pelo menos desde o final do século XIX, através de modelos matemáticos e gráficos que buscam explicar o funcionamento de uma economia de mercado (KOUTSOYIANNIS, 1976).

Ela fornece modelos de análise com o objetivo de verificar determinadas relações de causa e efeito. Os modelos utilizados têm três funções principais: análise, previsão e controle.

A Microeconomia geralmente se divide em capítulos assim distribuídos: teoria da demanda, teoria da produção e dos custos, teoria da firma e teoria das estruturas de mercado, e também é conhecida como "Teoria dos Preços" (PINHO, 1993).

Demanda é a quantidade de determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir. A demanda é um desejo, uma vontade. A demanda inclui não só plano de consumo, mas também de estoques para prover bens e serviços diante das variações da própria demanda.

A teoria da oferta é formada pelas teorias da produção e dos custos, sendo importante iniciar qualquer análise pela divisão do curto e do longo prazo. Na análise de curto prazo, os custos dividem-se em fixos e variáveis. Os custos fixos são custos de um período, geralmente calculados por mês. Já os custos variáveis são associados ao volume de produção e são derivados da função-produção. No longo prazo, todos os custos podem ser considerados variáveis, já que a capacidade da fábrica pode ser ampliada.

Demanda é uma relação multivariada, isto é, determinada por vários fatores simultaneamente. A teoria tradicional se concentrou em quatro fatores determinantes da quantidade demandada: preço da mercadoria, preços de outras mercadorias, rendas e gostos (Koutsoyiannis, 1976:45).

A escola cardinalista postula que a utilidade pode ser mensurada. Alguns economistas sugeriram que a utilidade poderia ser medida por unidades monetárias. Outros sugeriram a mensuração em unidades subjetivas, os utils.

A escola cardinalista postula que a utilidade não é mensurável, mas é uma magnitude ordinal. O consumidor não precisa saber a quantidade de utils de cada mercadoria para fazer sua escolha. E suficiente fazer o ranking de acordo com a satisfação que cada "cesta de bens" lhe oferece. Ele está apto a determinar sua ordem de preferência.

1.2.1. TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

1.2.1.1. PREMISSAS

  1. O consumidor é racional. Ele deseja maximizar sua utilidade de acordo com os preços das mercadorias e serviços, e é sujeito à sua restrição orçamentária.
  2. A utilidade de cada mercadoria é mensurável. A maneira mais conveniente de medi-la é a monetária. A utilidade é medida por unidades monetárias que o consumidor está preparado para pagar.
  3. A utilidade marginal é decrescente, ou seja, a utilidade ganha pela aquisição de uma mercadoria diminui. Imaginemo-nos com sede e qual o valor para nós de um copo d'água; e por um segundo copo d'água; e por um terceiro, e assim por diante. O "valor" ou a "utilidade" de mais um copo d'água diminui com a quantidade demandada.
  4. A utilidade total de uma "cesta de bens" depende das quantidades individuais de cada bem. Se existem m mercadorias, a utilidade total é:

    U = f(X1, X2,..., Xm)

  5. Utilidade marginal constante do $. Este pressuposto é necessário quando unidades monetárias são usadas como medida da utilidade. Se a utilidade marginal do dinheiro $ muda quando a renda cresce (ou decresce), então a mensuração torna-se inadequada.

1.2.1.2. EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR

O consumidor pode comprar uma mercadoria ou serviço (X), ou reter seu dinheiro. Nessas condições, o consumidor estará em equilíbrio se a utilidade marginal de X (Ux) for igual ao seu preço (Px).

Se Ux > Px, o consumidor poderá crescer sua utilidade comprando mais X.

1.2.2. FUNÇÃO-DEMANDA DO CONSUMIDOR

Matematicamente, a Umg é a tangente (derivada) da função utilidade total. A utilidade total cresce, mas a uma taxa decrescente.

Como não se mede a utilidade na margem, isto é, quanto é a "utilidade" obtida por mais uma unidade de x, substitui-se a utilidade marginal pelo preço da mercadoria x em unidades monetárias.

Críticas:

  • O pressuposto da utilidade cardinal é obscuro. A satisfação derivada de várias mercadorias não pode ser medida objetivamente.
  • O pressuposto da utilidade marginal do $ constante também não é realista. Quando a renda cresce, a utilidade marginal do $ muda. Portanto, o $ não pode ser usado como medida, já que sua própria utilidade muda.
  • O pressuposto da utilidade marginal decrescente foi estabelecido "introspectivamente". É uma lei psicológica difícil de provar.

1.2.3. AGREGAÇÃO DE DEMANDAS INDIVIDUAIS

A demanda de mercado é a agregação (soma horizontal) das demandas individuais. Mostramos na Tabela 1.1 um exemplo de agregação das demandas individuais, bem como o cálculo da elasticidade em cada ponto e da elasticidade no arco. O cálculo da elasticidade é apresentado na seção seguinte.

Tabela 1.1 demanda Agregada e calculo da Elasticidade

PREÇO

Q CONS. A

Q CONS. B

Q CONS. C

Q TOTAL

e

90

0

0

0

0

82

2

3

5

10

-

74

5

5

10

20

-10,25

66

a

7

15

50

64

58

12

9

19

40

-2,75

50

16

13

21

50

-1,81

e (ARCO)

42

20

18

22

60

-1,25

-1,3

34

25

25

20

70

-0,88

26

28

30

22

80

-0,61

18

32

37

21

90

-0,41

10

36

41

23

100

-0,25

Observa-se que a demanda de mercado (Q) de um produto é a soma "horizontal" das demandas individuais de consumidores e/ou famílias.

1.2.4. DEMANDA E RECEITA TOTAL

É importante relacionar a função demanda com a função receita total, pois na análise de resultados da firma, a receita de uma firma (preços x quantidades) é um ponto fundamental a ser considerado.

a seguir, temos os gráficos da demanda, da receita marginal (RMg) e o da receita total (RT) em função da quantidade de uma mercadoria ou serviço.

Rmg = dR/dQ = d(PQ)/dQ = P + dP/dQ . Q

Se a demanda for linear => P = a0 – a1.Q

RT = P. Q = a0. Q – a1.Q2

Rmg = a0 – 2 a1.Q

O conceito de receita marginal é de particular interesse para a Microeconomia, e será mais usado adiante, quando da maximização dos lucros de uma firma em uma economia de mercado.

1.2.5. ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA

É um conceito muito importante, pois mostra uma análise de sensibilidade da quantidade demandada em função de seus preços. Sào três formas de entendimento da elasticidade-preço da demanda:

  • Relação entre a taxa de crescimento de Qx e a taxa de crescimento de Px
  • Relação entre a variação percentual de Qx e de Px
  • Relação entre os valores marginais de Qx e Px, e os valores médios de Qx e Px

1.2.5.1. VALOR DA ELASTICIDADE

Cada produto (ou classe de produtos) possui elasticidades específicas que podem ser interpretadas como segue:

e > 1 demanda muito elástica (bens de consumo de luxo)

e = 1 demanda elástica

e < 1 demanda pouco elástica (bens de subsistência)

1.2.5.2. ELASTICIDADE-PREÇO (VARIÁVEL) DA DEMANDA

A função demanda pode ser estabelecida a partir de considerações sobre a fonna da relação existente entre os preços e as quantidades. Vale ressaltar dois tipos importantes de modelo matemático: a relação linear e a relação potência.

Para a relação linear, vamos demonstrar como a elasticidade varia em cada ponto, sintetizando o modelo de elasticidade-preço variável com o modelo da demanda univariada linear.

Equações:

1.2.5.3. RELAÇÃO ENTRE RECEITA MARGINAL E ELASTICIDADE

1.2.5.4. A FUNÇÃO MULTIVARIADA DE DEMANDA COM ELASTICIDADE CONSTANTE

Temos a seguinte forma não-linear da função demanda a partir de um modelo multivariado potência:

Equação 1.4 Função da demanda multivariada potência

Onde:

QX = quantidade demandada de X

Px = preço de X

Po = preço de outras mercadorias

Y = renda agregada do consumidor

eb4t = fator tempo para gostos

b1 = elasticidade-preço da demanda de X

b2 = elastic1idade-cruzada da demanda

b3 = elasticidade-renda da demanda de X

Como a elasticidade-preço da demanda é para uma variável independente Px, igual a


Temos para Qx, como função da variável "preço de x", a seguinte função de potência univariada:

Portanto:

A elasticidade-preço da demanda da função dada pela Equação 1.4 é –b1. O próprio coeficiente da potência é constante em todo o domínio da função. Este é o exemplo de elasticidade-preço da demanda constante.


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